Programação dos Festejos Farroupilhas de Santa Maria se volta à solidariedade

A homenageada Maria Lili da Luz Feltrim (de saia marrom) e a destaque Giovana Arruda Domingues (de bombacha), junto a demais representantes da 13ª RT no Acampamento FarroupilhaFotos: Nathália Schneider (Diário)


As chuvas que assolam o Estado nos últimos dias mudaram o caráter dos Festejos Farroupilhas no Rio Grande do Sul. Mas não totalmente. Afinal, o sentimento de humanidade está estampado na própria bandeira verde, vermelha e amarela. 


Em respeito às vítimas das enchentes, o tradicional desfile do dia 20 de setembro foi cancelado na maior parte do Estado, incluindo Santa Maria. Mas entidades tradicionalistas, que recém buscaram uma centelha da Chama Crioula no Acampamento Farroupilha, irão manter a programação de celebrações. E incluíram ações solidárias.


Conforme Carla Pozzobon, capataz geral da 13ª Região Tradicionalista (RT), a orientação passada pela Comissão Executiva dos Festejos Farroupilhas de Santa Maria, e repassada às entidades da região, é de que seja incentivada uma espécie de cavalgada solidária:

– Sugerimos que cada entidade, dentro da sua localidade, encilhe um cavalo, saia de carro, caminhão, bicicleta, como for, e faça o bem, recolhendo agasalhos e alimentos para mandarmos a quem está precisando no Estado e também em Santa Maria.


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Para Bruno Fernandes, presidente da Associação Tradicionalista Estância do Minuano, Santa Maria perdeu uma grande oportunidade de manter o desfile e promover arrecadação de alimentos, a exemplo do que irá ocorrer em São Gabriel:

– Imagina se todas as entidades levassem doações arrecadadas? Poderiam montar três pontos na Avenida Medianeira para unir esses donativos. O público seria convidado a contribuir também. O quanto não seria arrecadado? – questiona.

Ele acredita que, de fato, esse cenário mudou o caráter das comemorações da Semana Farroupilha em todas as entidades. Na Estância do Minuano não vai ser diferente.

– Ainda não definimos detalhes, mas iremos promover uma ação solidária no dia 20. Em breve será divulgado nas redes sociais – finaliza Fernandes.




Também foi decidido que os homenageados deste ano no município serão os mesmos nas festividades da Semana Farroupilha de 2024. O patrono local dos festejos é Manoelito Carlo Savaris. Falecido em junho deste ano, o ex-presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) também foi subcomandante do 1º Regimento de Cavalaria da Brigada de Santa Maria e autor de livros como Rio Grande do Sul: História e Identidade e Manual de Tradicionalismo Gaúcho.

 
Os homenageados locais são Benjamin Feltrin Netto (in memoriam) e Maria Lili da Luz Feltrim. Já o destaque em Santa Maria é Giovana Arruda Domingues, a 2ª Prenda Mirim do Estado.

 
Para Maria Lili, o cancelamento do desfile foi uma decisão acertada. Ela também se sente emocionada com a manutenção da homenagem à ela e ao marido ano que vem:

 
– Como cantarão as nossas histórias na Avenida com tanta gente chorando e precisando de acolhimento? O nosso trabalho no movimento tradicionalista também sempre foi voltado para a questão social. Para mim, é uma emoção muito grande ser a homenageada dos festejos farroupilhas. E por mais que meu esposo não esteja mais comigo, estão os meus filhos, que seguem o legado no movimento.

 
E quis o destino que essa homenagem “adiada” viesse em um ano especial. O MTG já havia sorteado as histórias que as prendas devem contar na Ciranda Cultural de Prendas em 2024. E coube à 13ª RT, justamente, a história de Benjamin Feltrim Netto. Para a filha, a comunicadora Ana Cláudia Feltrim, é uma grande emoção:

 
– Deus escreve certo por linhas tortas. E nosso papel como tradicionalistas é pensar no bem coletivo. O melhor para todos agora é exercer a cidadania e esse é o momento mais importante de demonstrar para todo o Estado, sendo cidadãos.


GERAÇÕES DA TRADIÇÃO


Benjamin e Maria Lili nasceram em Cruz Alta. O casal iniciou a trajetória tradicionalista no CTG 20 de Setembro, em Santo Ângelo, em 1961. Declamavam e dirigiam o famoso grupo de senhoras. No CPF Piá do Sul, ajudaram com as próprias mãos na construção da sede da entidade e foram, respectivamente, diretores artísticos, diretores culturais, agregado das falas e sota-capataz. Lili fundou o Grupo Piá Coração Solidário e criaram a famosa Noite dos Sonhos. Hoje, Maria Lili faz parte do conselho de Vaqueanos.

 
Em Santana do Livramento, no CTG Fronteira Aberta, Benjamin dirigiu o departamento cultural e artístico em duas gestões, de onde foi levado para à Coordenadoria da 18ª RT, tendo permanecido por quatro mandatos, até ingressar no Conselho Diretor do MTG. Em Pelotas, em janeiro de 1992, foi eleito vice-presidente de eventos, no período de 1992/93. Finalmente, Feltrin, no 34ª Congresso, em Esteio, chegou à Presidência do MTG, por dois mandatos, 1994/1995 e foi o primeiro presidente vindo da fronteira do Estado.

 
Falecido em maio de 2020, Feltrin foi conselheiro Benemérito e Honorário do MTG. A filha Ana Cláudia afirma que os pais forjaram uma família onde o tradicionalismo fortalece a raiz do ser gaúcho. Ainda hoje, Maria Lili percorre o Rio Grande do Sul com os filhos. Ela leva consigo sua experiência de vida e exemplo do que é ser uma tradicionalista gaúcha.

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